sábado, 3 de agosto de 2013

Successful parenting (ou sucesso na criação)

Já vi algumas pessoas colocarem em redes sociais mensagens sobre "successful parenting". Dizem que você comprova que todo o seu trabalho como pai/mãe valeu à pena quando por acaso descobre que seu filho adolescente baixou por livre e espontânea vontade músicas de ótima qualidade, ou coisa assim.
Hoje tive um belo motivo de orgulho. Acho lindo de ver como as crianças gradualmente formam e mostram sua personalidade. Tem traços que percebemos desde os primeiros meses, e outros que vão aparecendo ao longo dos anos. Aí estão envolvidos, provavelmente, fatores genéticos e ambientais (nos ambientais entra quase tudo, comida, água, agrotóxicos, remédios, poluição do ar, fatores sociais e tantos outros). Enfim... com certeza a educação tem muito a ver com a personalidade e as ideologias que a pessoa defende. E isso começa na infância. Ouvimos e absorvemos tudo à nossa volta e ficamos sabendo o que é ou não aceitável, bem-visto, etc. Pois bem, cada criança reflete o meio em que vive. E é aí que eu quero chegar: no quão orgulhosa fiquei da opinião do meu filho hoje. E como fiquei impressionada em ser lembrada que ele tem as próprias opiniões e vai sempre influenciar as pessoas ao seu redor (como todos nós).
Eu estava assistindo um vídeo com áudio ruim e meu marido falou alguma coisa alto. Eu que estava tentando ouvir a narração, fiz "Shhhh!!!". Aí o marido fez uma brincadeira bem boba, nada de mais, falou até meio rindo "Como assim shhhhh? Isso é jeito de falar com teu marido? Tem que respeitar o macho!" e eu nem desviei os olhos da tela porque não ia perder meu tempo mandando se catar e nem mesmo pensei que o filho estivesse escutando, prestando atenção, nem se ele interpretaria isso a sério ou como uma brincadeira. Nós costumamos ter cuidado com as coisas que falamos em casa, mas volta e meia sai uma brincadeira que esquecemos que pode ser interpretada como sendo séria. Então quando minha atenção já estava de novo completamente voltada ao vídeo, filhote sai da salinha onde estava brincando e sobe no sofá pra ficar na altura do pai. "Pai, mas não é assim. Não é só porque é macho que pode mandar na mulher". Marido ainda resolveu testar: "Como assim? Poooode sim!" e o filhote diz "Não pode, isso está errado" e ficou fazendo cara feia de quem censura. E aí eu resolvi me meter, quando vi que ele não estava conseguindo achar o argumento que queria: "porque todas as pessoas são iguais, né filho?". Papai disse "Tu tá certo meu filho, é claro que não pode. Era brincadeira. Fiquei muito orgulhoso de te ver agir assim." e eu, claro, enchi os olhos d'água e passei o dia todo pensando em como esse serzinho pode ser tão cheio de ideias e ideais. E lembrando de todas as vezes que o vi defender a justiça. Já o vi falar tantas coisas legais espontaneamente... defender o direito de uma pessoa casar com outra do mesmo sexo. Criticar o menino que furou a fila. Reclamar das pessoas que jogam lixo no chão. Dizer a um menino bem mais velho que ele não devia jogar a bola forte naquele lugar porque havia outras crianças passando. Sempre atento às injustiças.
Lembro quando eu era criança de ter muitos ideais, de querer salvar o mundo, etc. Minha mãe diz que eu era assim desde que ela se lembra. Que eu era a "defensora dos fracos e oprimidos", mas pra ficar mais divertido ela dizia "dos frascos e comprimidos". Eu nunca duvidei que as crianças tenham ideais. Mas ver esses princípios se formando é indescritível. E fico muito, muito orgulhosa de saber que eu sou parte na formação de um ser humano capaz de sentir empatia e responsabilidade pelo outro e pelo planeta, porque é nisso que ele parece estar se transformando.
Assim eu me sinto sim como "a successful parent".

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