A busca por uma vida mais organizada – Parte I – Da minha desorganização

Estou "parindo" esse texto há uma semana, e ficou tão grande que dividi em quatro partes.

Essa é a primeira, depois tem as partes II, III e IV.

Como a desordem me faz sentir

 

Só pra deixar claro que essa foto não é da minha casa! ;) Não chega a esse ponto, hehehe... essa foto é do museu aqui pertinho. Minha questão da desorganização também inclui a casa, mas o principal é o tempo.

Quem conviveu de perto comigo provavelmente já notou (e possivelmente já se irritou e talvez mesmo não perdoe) o fato de que eu sou muito desorganizada, principalmente quando se trata de tempo.

Claro, tem a questão da procrastinação, deixar tudo pra depois. Na escola e na faculdade eu não costumava ter os trabalhos prontos muito antes de entregar. Muitas vezes começava, organizava, fazia um rascunho. Mas a famosa pressão dos prazos é que me ajudava a sentar e enfiar a cabeça no trabalho mais profundamente. Mas não é só a procrastinação.

Desde pequena eu sempre fui "lerda". Sem nenhuma orientação pra isso, sempre mastiguei 23653 vezes antes de engolir uma garfada. Inúmeras vezes os outros estão terminando a refeição e eu mal comecei (eu chegava a ficar constrangida com as pessoas me olhando, esperando eu terminar hahaha). Minha mãe sempre disse que comigo não havia paciência nem tempo que bastasse. Sempre mil perguntas, mil explicações pra contar uma história, muita calma pra tudo. Enfim, acho que sou assim até hoje e isso em parte é bom (ser calma, não me estresso por pouco), mas sem dúvida em parte é ruim.

Desde que parei de trabalhar fora (agosto de 2010, que foi também quando mudei pra longe da família) não precisei mais correr em função de horário. Ainda assim, estou sempre atrasada e "devendo". Quando levava o filhote na escolinha depois do almoço era corrido pra almoçar, escovar os dentinhos e atravessar a rua na hora certa (vejam só!!). Quando ficamos os dois (eu e o filhote de 3-4 anos) sem atividades obrigatórias (ele sem escola, eu sem trabalho) por um ano, foi difícil também. Precisávamos sair, ele precisava encontrar outras crianças e eu precisava ver gente, tomar um ar. Mas queeeee dificuldade de sair de casa de manhã. Não sei se é porque eu sou assim e acabo passando pra ele ou se é comum a todas as crianças. Mas meu filho é o mesmo: um século no café-da-manhã, pressa nenhuma de tirar o pijama. Eu sempre tenho mil coisas pra arrumar, sem falar no almoço pra fazer. Acabamos sempre saindo só de tarde. Mesmo sem atividades fixas, atrasa o almoço, atrasa a janta, atrasa o banho, atrasa a hora de dormir.

Ok, no último ano meu filho começou a escola em turno "semi-integral" (acabei de inventar o termo, não sei se existe...), ou seja, não é só de manhã, nem só de tarde, mas também não é das 7h às 18h. É o horário normal das escolas por aqui e na maioria dos lugares fora do Brasil: das 9h às 15h. Eu pensei que isso fosse dar ritmo na nossa vida: hora pra sair e pra voltar. Que nada! Continuo eu correndo pra conseguir deixar o Apolo pronto no horário. Sem criança em casa, não dei mais tanta bola pras refeições e passei a comer qualquer besteirinha em vez de almoçar (casa de ferreiro, espeto de pau). Aí corria na escola pra buscar e voltava a mesma história: atrasa banho, atrasa janta, atrasa hora de dormir, no outro dia de manhã acorda cansado, na preguiça demora pra se arrumar... círculo vicioso.

Bom, aí comecei a trabalhar. Por opção trabalho apenas no horário da escola dele. Já que corremos demais de manhã, a última coisa que quero é pegar ele às 18h pra fazer a maratona banho-janta-cama. Quero poder pelo menos dar a ele a oportunidade de ser criança sem obrigações demais e com tempo pra brincar e falar comigo do que quiser. Enfim... trabalho meio-período. Novamente pensei que isso fosse ajudar na organização. Por um certo aspecto sim, mas menos do que eu gostaria. Trabalhando, eu levo a marmitinha com almoço e lanches. Então agora pelo menos eu como com horário. Me sinto realizada de voltar a trabalhar, ter objetivos mais claros a cumprir e tal. Consigo organizar as coisas de forma a ter (quase) sempre almoço pronto pra levar. Mas ou eu saio e deixo a casa bagunçada, ou eu arrumo e chego atrasada no trabalho. No trabalho, tenho que correr pra conseguir sair na hora certa pra saída da escola. Voltamos caminhando com toda a calma do mundo, olhando o mundo. Às vezes paramos para um lanche ou uma brincadeira na pracinha (ou parquinho?). Se não arrumei a casa antes de ir trabalhar, tenho que arrumar quando chego. Se arrumei, mesmo assim provavelmente precisarei cozinhar. Mesmo que chegue em casa às 16h, o final do dia ainda parece tão corrido!