segunda-feira, 22 de julho de 2013

Será que o bebê está pronto para comer? Parte 1 - maturidade fisiológica

Depois de um período complicado no início amamentação e alguns meses um pouco mais calmos, onde a gente pega uma rotina, de repente muitas mães levam um susto ao perceber que seu bebê está pronto para começar a alimentação complementar. Ou que chegou a idade mas o bebê não parece pronto. E agora?

Falei um pouco sobre a idade cronológica na qual a introdução de alimentação complementar é adequada aqui.

Mas existem vários sinais que ajudam a identificar a maturidade do bebê para começar a comer. Não é necessário que todos esses fatores estejam presentes antes de se iniciar a alimentação complementar, mas quanto mais fatores estiverem presentes, mais provável será que o bebê esteja pronto e que vá aceitar com maior naturalidade a alimentação oferecida. Novamente, cada um desses fatores se desenvolve em momentos diferentes para cada bebê, e alguns podem demorar ainda algum tempo depois da introdução alimentar para apresentá-los (por exemplo, nascerem os dentes, perder o reflexo da língua, interesse na comida dos adultos).
 
Aqui vai uma lista de alguns dos sinais de que o bebê está pronto:

Reflexo de extrusão da língua - enquanto o bebê é amamentado exclusivamente, o movimento que ele precisa fazer para conseguir levar o leite ao fundo da boca para engolir (enquanto está com a boca aberta em contato com o seio da mãe) é empurrar a língua para a frente. Esse reflexo pode permanecer por algum tempo, mesmo quando se oferece alimentos sólidos. Muitos pais acreditam que a criança está "cuspindo" o alimento, que está rejeitando, pois ela empurra com a língua para fora da boca. Mas esse "empurrar" é apenas o único movimento que o bebê sabe fazer na tentativa de engolir o alimento.
Quando o alimento for oferecido e o bebê empurrar para fora, não é necessário se preocupar que o bebê não tenha gostado, ele provavelmente apenas não sabe como engolir. Mas um dos sinais de maturidade para a introdução de alimentação complementar é justamente quando esse reflexo de extrusão some e o bebê aprende a fechar a boca e engolir o alimento sólido. Portanto, se o bebê empurra sempre o alimento com a língua para fora da boca, talvez ainda seja cedo para a alimentação complementar.


Controle da cabeça e pescoço - se o bebê ainda não consegue manter cabeça e pescoço eretos, ele dificilmente estará pronto para a introdução de alimentação sólida. É necessário aguardar essa maturidade.

Sentar e controlar o tronco - sentar sozinho sem apoio é um ótimo sinal de que o bebê está pronto para começar a se alimentar, pois assim ele tem mais autonomia e pode voltar a atenção para a alimentação, pois manter a postura já é algo natural. Porém, alguns bebês estão prontos para iniciar a alimentação complementar mesmo que não consigam sentar sozinhos sem apoio. Mas é importante que, pelo menos, o bebê consiga sentar com apoio sem que fique caindo com muita frequencia, para que possa se alimentar.
Dentição - quando os dentes dão os primeiros sinais de que a erupção está próxima (gengiva sensível, saliva em excesso, às vezes diarréia e irritabilidade) e, principalmente quando os primeiros dentes aparecem na boca, provavelmente o bebê já estará pronto para começar a se alimentar. Em alguns bebês, porém, os dentes só aparecem após os 10 meses de idade, e isso não é problema algum. A "falta" de dentes não é um problema porque a gengiva é suficientemente dura para mastigar os alimentos macios que são apropriados para um bebê.
Levar a mão e objetos à boca - esse é mais um sinal que indica a maturidade para o início da alimentação complementar. Quando o bebê leva a mão à boca, e mais ainda quando pega objetos e leva-os à boca, isso quer dizer que ele seria capaz de levar alimentos à própria boca. Sabiamente, a natureza fez com que essa coordenação venha na mesma época em que o bebê já está pronto para iniciar a alimentação.
Atenção e interesse na comida - esse, na minha opinião, é um dos sinais mais importantes para saber se uma criança está preparada para a alimentação complementar. Em determinada idade, a maioria dos (se não todos) bebês começa a observar com atenção cada vez que os adultos e as crianças mais velhas levam algum alimento à boca. Claramente esse sinal sozinho não é indicativo para iniciar a alimentação complementar, pois alguns bebês começam essa observação tão cedo como aos 3 meses de idade. Porém, a ausência desse sinal é um indicativo de que o bebê pode ainda não estar pronto. Alguns bebês só se interessam mesmo pela comida alheia aos 7 ou 8 meses. E sem que o bebê esteja realmente interessado, forçar a introdução de alimentos não vai ajudar em muito. Pelo contrário, é possível que ele crie uma resistência a algo que lhe está sendo "imposto". Imagine que você nunca na sua vida se interessou em fumar, é uma coisa que não te faz falta e você não vê a necessidade ou a graça disso. De repente decidem que você precisa experimentar e passam a tentar enfiar um cigarro na sua boca mesmo que você não queira, que você feche a boca, chore, esperneie. Será que isso ajudaria a aumentar o interesse? Pois é isso... a mesma coisa com o bebê e a comida.
Mastigação em movimentos rítmicos - a mastigação se desenvolve em etapas. Por volta da idade em que o bebê começa a se alimentar, se desenvolve a mastigação mais simples. O bebê aprende a abrir e fechar a mandíbula (para cima e para baixo) e coordenar essa mastigação com a deglutição. Porém a lateralização da língua e das mandíbulas, que compõem a parte mais complexa da mastigação podem ainda demorar a se desenvolver. Por isso é comum que o bebê fique com pedaços de alimentos na boca (por exemplo, entre a gengiva e a bochecha) por um tempo longo, pois não tem a habilidade de enviar esse alimento para o fundo da boca.

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