quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Semana Mundial do Aleitamento Materno 2013: meu relato de amamentação


Deixei pra escrever hoje em apoio à Semana Mundial de Aleitamento Materno (último dia da Semana, dia 7) por um motivo simples: hoje fazem 6 anos da data em que me tornei mãe e passei a amamentar. Meu pequeno grande homem nasceu na Semana Mundial do Aleitamento Materno! Só descobri depois...

O início não foi nada fácil. Depois de uma cirurgia cesariana (inclusive no vídeo quando me mostram ele, além de chorar eu pergunto "ele vai vir mamar?")
não nos trataram como preconizam a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde. Mandaram meu marido pra casa, eu não podia me mexer pela recuperação da anestesia e ninguém me auxiliou. Chamei e pedi pra colocar ele no seio, mas não me deixavam mexer a cabeça, eu não conseguia segurar ele numa posição boa, e ele não pegava o seio. Claro, já havia se passado o mágico momento do imprinting (quando mãe e bebê se olham longamente logo após o nascimento), mas ele não estava comigo. Estava sendo lavado, esfregado, vacinado, carimbado, examinado e picado. Sem necessidade. Só porque ele nasceu com 3,920kg suspeitaram que ele pudesse ter hipoglicemia. Não é esse o protocolo adequado, afinal nem ele era macrossômico nem eu tive diabetes gestacional. Bom... ele não teve hipoglicemia, mas "para prevenir" lhe tocaram uma mamadeira de leite artificial. E nem foi uma mamadeira adequada para RN, foi aquela "chuquinha" que se usa pra chá e que tem um modo de sugar completamente diferente do seio. Enfim... depois disso e de eu ficar 4h na sala de recuperação sem ele (ou melhor, andavam com ele pra lá e pra cá), resolveram esperar mais um pouco até que chegasse o dia e só me levaram pro quarto às 7h. Aí ele só dormia (como todo RN com a barriga cheia de proteína de leite de vaca, pesada pra caramba de se digerir). E eu não entendia porque não estava tão feliz como esperava me sentir. É claro que foi maravilhoso ter o meu bebê lindo e perfeito comigo, mas eu não sentia toda a conexão que esperava, parecia que faltava algo. Demorei anos pra entender de verdade o que aconteceu naquela noite.
Então depois de 36h de hospital, uma coisa boa: me liberaram cedo pra ir pra casa. Eu oferecia o seio e achava que estava tudo bem. Já era estudante de nutrição, mas ainda não entendia a fundo como funciona a amamentação. Assim como pensava que pra ter um parto era só ir pro hospital e deixar o corpo agir, achava que pra amamentar era só oferecer o seio. Talvez para algumas mães realmente seja assim. Mas a amamentação nos primeiros 30-60 minutos com certeza ajuda nessa facilidade. Não foi o meu caso. Eu não percebia que a pega estava incorreta. Eu tive fissuras, dor, sangramento, leite "empedrado", Apolo chorava e perdeu bastante peso nos primeiros 15 dias. Acabei sendo induzida a oferecer leite artificial novamente (pressão familiar, pouca, mas e a cobrança interna? Qual a mãe que não se sente culpada? Eu tentei, tentei, tentei e no fim acabei dando). Foi no copinho, depois foi na mamadeira. Eu dava pouquinho por dia (muito menos que a necessidade de um bebê que só toma fórmula), mas ele começou a ganhar peso. Pelos cálculos que fizemos de calorias, não era a mamadeira que fazia a diferença. Acontece que ao mesmo tempo eu aprendi a amamentar, passei a confiar mais e fiquei mais tranquila. Ele aprendeu a pega correta. Aí a luta foi pra tirar a mamadeira. Era prático que alguém pudesse oferecer quando eu não estivesse. Ao mesmo tempo era terrível pra mim saber que estava dando algo que era prejudicial sem necessidade. E ele estava já acostumado à mamadeira à noite. Quando decidi que poderia tirar, ele chorou algumas noites porque não queria o seio e sim a mamadeira. Continuei com muita dor no coração, mas sabendo que era o melhor.
Amamentei meu pequeno até os 3 anos e 2 meses, quando passamos por um desmame gradual e natural, tranquilo para nós dois. Ele foi mamando menos, menos, uma vez por dia, dia sim dia não, até que não quis mais. Mooooooooorro de saudades!

Nesse computador não encontrei foto amamentando... por enquanto vai essa ajeitando a cadeirinha enquanto ele dorme (aos 2 aninhos) pra mamãe poder comer uma pizza! Juro que depois vem uma foto relacionada à SMAM! hehehe

Agora em 2013, a 21ª Semana Mundial do Aleitamento Materno é sobre Apoio às mães que amamentam: próximo, contínuo e oportuno. Acredito que eu tive um bom apoio, embora pouquíssimo apoio especializado. As pessoas que estavam comigo não sabiam muito sobre aleitamento materno. Nunca tinham amamentado, ou tinham amamentado e oferecido chá e leite de vaca também. Não entendiam a importância da exclusividade, nem sobre pega correta e não viam o problema de oferecer outro leite ao bebê. Mas dentro do que era possível pra essas pessoas, tive grande apoio, e ele foi sim próximo, contínuo e oportuno. Mas acho que o que faltou foi o apoio inicial nas primeiras horas. O hospital não era um Hospital Amigo da Criança certificado. Na maioria dos hospitais brasileiros a atenção ao aleitamento materno ainda é inadequada. Dois anos depois do nascimento do meu filho, fiz estágio num Banco de Leite Humano dentro de um Hospital Amigo da Criança. Foi maravilhoso e tentei oferecer todo o apoio que gostaria de ter tido. Hoje vejo que poderia ter feito muitas coisas de uma forma ainda melhor. Não tenho no momento a oportunidade de trabalhar com esse assunto, que é uma das minhas maiores paixões. Procuro então por meio do ativismo na internet apoiar o maior número de mães possível que esteja ao meu alcance. Assim fiz grandes e especiais amigas, que com certeza serão um apoio próximo, contínuo e oportuno quando eu voltar a ter a oportunidade de amamentar.

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