sábado, 3 de agosto de 2013

Declare-se ao seu filho

Diálogo:
"-Mãe, tu ia gostar se tu tivesse outro filho?
 -Depende. Tu e mais outro filhou ou te trocar por outro?
 -Se não tivesse eu e tivesse outro.
 -Ta, mas... eu nunca te conheci, ou eu te conheci e depois tu sumiu e eu tive outro?
 -Se eu sumisse e tu ficasse com outro filho?
 -Se eu te tivesse e um dia tu sumisse ou fosse morar com outra mãe e eu tivesse que ficar só com a tua lembrança, e depois tivesse outro filho, eu ia amar o outro, mas eu nunca, nunca ia conseguir viver completamente feliz sem te ter, porque eu já te conheci e ia sempre morrer de saudade. O meu amor por ti nunca vai existir outro igual."
Pausa no diálogo pra explicar.
Meu filho é um menino feliz, alegre, sorridente, de quase 6 anos. Mas eu não me lembro NUNCA de ter visto no rosto dele um sorriso (de boca e olhos) tão completo e sincero quanto esse. O rosto dele ficou iluminado e ele pareceu convencido de todo o amor que eu sinto por ele e do quão importante ele é na minha vida. Gostaria muito de poder ter tirado uma foto nos 2 segundos desse sorriso. Mas esse texto é uma forma de registrar pra nunca esquecer daquele sorriso. Não que ele não saiba que eu o amo sempre, mas não são maravilhosos os momentos em que escutamos o quanto somos amados?
Você aí me lendo, não gosta de se sentir amado, único, indispensável e insubstituível? Eu adoro! Um dos sentimentos mais gostosos que podemos ter é o de estar completo e repleto de amor. Não acho que seja sempre necessário o outro para isso. O amor-próprio se inclui nessa categoria. Mas quem é mãe ou pai conhece o significado desse amor infinito e incondicional que às vezes faz a gente querer ser um só, e às vezes faz a gente querer sofrer toda e qualquer dor no lugar do outro. Alguns casais também experimentam esse sentimento um em relação ao outro em algumas fases do relacionamento. Mas com os filhos isso é uma constante. E essa paixão não é maravilhosa? Esse encantamento?
Vou incluir aqui outros tipos de relacionamento. No relacionamento amoroso, nossa sociedade é monogâmica (pelo menos a maioria das pessoas, e pelo menos "oficialmente"). Aqui fica fácil de entender a indispensabilidade e insubstituibilidade (ó, to falando difícil) do outro. Mas pensem nos filhos (quem tem mais de um) ou mesmo nos amigos. Podemos ter vários filhos, vários amigos, mas um não substitui o outro. Se perdemos alguém num acidente ou brigamos, ou a pessoa não está disponível quando precisamos dela, sempre iremos sentir falta, mesmo que tenhamos outros amigos que possam cumprir mais ou menos a mesma função.
E é muito gostoso saber que somos insubstituíveis e indispensáveis. Eu estou morando do outro lado do mundo e deixei muitas amigas no Brasil (e fiz outras virtuais mesmo longe). Como me sinto bem quando alguém faz um esforço pra me procurar porque gosta de mim e precisa falar comigo! Seja um e-mail, um recado no Facebook ou uma ligação no Skype. Vem alguém e me diz que quer saber o que eu acho, ou quer saber como eu estou. Enfim... acho que já consegui explicar o conceito que queria: é muito bom ser insubstituível, mesmo que não se seja o único (amigo, filho, irmão...).
Meu filho com certeza também conhece essa sensação. Fica orgulhoso quando dentre tantos colegas, um amiguinho quer brincar justamente com ele. Mas a relação mais importante para uma criança dessa idade, aquela de quem eles esperam proximidade, carinho e aprovação é a relação com os pais. Ele (e todas as crianças) precisam e adoram ouvir o quanto são importantes para os pais. Vamos dizer isso pra eles! Faz tão bem!
Aqui em casa dizemos "eu te amo" todos os dias, pelo menos uma vez, na hora de dormir ou de ir pra escola. E isso é muito importante, mas nem sempre transparece todo o significado do nosso amor. Sempre que tiverem a oportunidade, digam aos seus filhos o quanto eles são importantes, amados, indispensáveis e insubstituíveis.
Volta ao diálogo (aproveitei a oportunidade pra me declarar):
"-Sabe, meu filho, tu abriu a portinha do meu coração de mãe. Eu posso ter mais 10 filhos e nunca vou amar nenhum do mesmo jeito que eu te amo. Ninguém sabe ser pai ou mãe, a gente vai aprendendo com o tempo. E tu foi quem pegou a chavezinha e girou na fechadura do meu coração de mãe, e me ensinou a te amar desde o primeiro dia, e cada dia me ensina mais. Se tu tiver irmãozinhos e eu for uma mãe legal pra eles, tudo isso só vai ser possível porque tu me ajudou a virar quem eu sou. Nunca esquece disso."
Aí ele já foi pra outro assunto, afinal uma criança de 6 anos não pode filosofar indefinidamente e precisa brincar... mas tenho certeza que o momento foi um dos mais fortes e construtivos que já vivemos, e desejo isso pra todas as famílias.

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