sábado, 19 de dezembro de 2015

Ensinar as crianças a tomar decisões

Você já se sentiu paralisado? Sem saber dar o próximo passo? Ou sabendo o próximo passo, não conseguiu se mover?

Por que isso acontece? Como evitar que aconteça conosco e, um dia, com nossos filhos?

Novembro foi um mês muito produtivo por aqui. Participo de um programa de coaching que está ajudando a tornar idéias reais.

Mas com a entrada de dezembro, tudo ficou "trancado". Mil coisas pra fazer: vamos mudar para um país novo, temos que empacotar, doar, jogar fora. Muita coisa pra terminar no trabalho. Despedidas na escola, consultas médicas, dentista. Papéis pra organizar. Esperamos o visto, esperamos a passagem, entregar apartamento, procurar casa nova. E as minhas atividades do coaching que também estagnaram.

Não quero mais ter que resolver nada, quero que tudo se resolva sozinho, que alguém resolva por mim. Quero a minha mãe!!!! Tudo ficou difícil. É aquela coisa do "são crianças como você / o que você vai ser quando você crescer". Será que nossos filhos também precisam passar por isso?



Justamente ao ter tanta coisa pra fazer, tudo paralisa. Tem muitos motivos pra isso, mas quero falar especificamente da terceirização de nossas decisões desde cedo.

Nossa educação foi terceirizada para a escola - e nem estou falando da primeira infância. Quem decidia o que você ia aprender dos 6 aos 17 anos eram os professores. Quais conteúdos de matemática, física, geografia. Afinal, eles são os especialistas! Depois vamos pra faculdade, com a ilusão de que estamos escolhendo um caminho conhecido. Quantos de nós percebem depois que deveriam ter feito outro curso?

Nossa saúde é terceirizada para profissionais - mais capazes que nós de decidir! A dieta, o que comer e não comer. A contracepção. Os exames. A atividade física. Tudo é ditado! O que vestir, o que comprar, o que ler e o que pensar. Que trabalho escolher, onde é cool morar.

Mais pra frente, escolhem por nós o nascimento de nossos filhos. O que e quando eles devem comer, quanto precisam engordar, o que precisam ter. Nos dizem com que idade devem andar, falar e ler. A história começa a se repetir.

Não digo aqui que não temos livre arbítrio. O que quero dizer é que sempre há alguém para resolver por você, se você deixar. E não ter que escolher é sempre mais fácil, já que não somos ensinados a fazer escolhas. Em muitas famílias, os pais resolvem cada probleminha até que o filho saia de casa. Aí de repente temos que dar um salto ornamental sem antes aprender os pulinhos e piruetas básicas. Nunca pagou nem o almoço e de repente tem que pagar aluguel e se administrar. Nunca fez nada em casa e se espera que possa ser independente.

Precisamos ensinar nossos filhos a tomar decisões, tomar as rédeas de suas vidas. Estou escrevendo um livro sobre isso. É difícil ver nossos pequenos correndo riscos quando podemos protegê-los. Mas não tenho dúvidas de que vale à pena – eles terão mais facilidade que nós para lidar com dilemas existenciais.


E eu nesse dezembro? Eu fui ali, surtei um pouquinho, mas já voltei! :D

Nenhum comentário:

Postar um comentário